O ‘S’ como bússola estratégica

Em tempos em que o discurso ESG vai se consolidando como imperativo estratégico, é mais que urgente deslocar o foco para o pilar social — o ‘S’ — e entender seu papel como elo entre empresas, poder executivo e as comunidades que as cercam. Mais do que uma sigla, ESG é uma lente que revela o impacto real das decisões corporativas. E quando falamos de impacto, falamos de gente.

Segundo o estudo Panorama ESG 2024 da Amcham Brasil, 71% das empresas brasileiras estão em estágio inicial ou avançado na implementação de práticas ESG. No entanto, apenas 20% publicam relatórios de sustentabilidade e menos de 30% realizam avaliação de materialidade social. Isso revela um cenário onde o compromisso com o social ainda é periférico — e perigoso. A ausência de diálogo com a comunidade pode gerar desconfiança, boicotes e até conflitos socioambientais.

Por outro lado, empresas que colocam o ‘S’ no centro de suas decisões estão mudando realidades. A Natura atua com dezenas de comunidades ribeirinhas na Amazônia, promovendo renda e valorizando saberes locais. A MD Papéis investe em projetos educacionais e compra diretamente de cooperativas de catadores. A ENGIE Brasil Energia foi premiada por seu programa “Mulheres do Nosso Bairro”, que promove equidade de gênero e capacitação comunitária.

E o Grupo Carrefour Brasil contratou mais de 50 mil beneficiários do Bolsa Família, superando cinco vezes sua meta inicial. Além dos projetos de redução de emissões e compromisso com a economia de Baixo Carbono alinhado ao Acordo de Paris. E, ainda assim, a empresa não consegue, no Brasil, demonstrar que se preocupa com a formação técnica e de valores para com seus funcionários. A imagem da empresa continua arranhadas por inúmeros escândalos praticados por funcionários ou empresas terceirizadas.

Esse é o ‘ponto da curva’… Mesmo que sua empresa faça algo relevante, se não estiver muito claro seus Valores, qualquer investimento será em vão.

As pessoas precisam entender Por que Fazem, Pelo que Fazem e pra Quem Fazem!

Além de sentirem que o fazem porque é o certo a fazer, não porque está sendo imposto. Essa equação quando firmada na relação de poder e não de entendimento não resulta em mudança, apenas em ação momentânea com tempo limitado. Sem impacto real, penas contando para o Relatório de Sustentabilidade do final do ano da empresa.

Lembre… Não adianta Parecer. Tem que Ser!

Mentira tem perna curta…

Importante deixar muito claro também que, essas ações, não são exclusivas de grandes corporações. Microempreendedores individuais também podem gerar impacto. Um MEI pode, por exemplo, contratar mão de obra local, oferecer capacitação básica, apoiar eventos comunitários, ou até criar parcerias com escolas, ONGs, empresas maiores ou até prefeituras.

Pequenas empresas podem adotar práticas como logística reversa, inclusão de grupos minorizados, uso de insumos locais e transparência nas relações com clientes e fornecedores. Médias empresas podem estruturar programas de voluntariado corporativo, criar comitês de diversidade e investir em educação ambiental.

Ações premiadas como as da YouGreen, cooperativa que emprega refugiados e egressos do sistema penitenciário, mostram que é possível unir impacto social e modelo de negócio sustentável. A Editora MOL, por sua vez, doa parte dos lucros para ONGs e publica conteúdos voltados à cidadania e inclusão. Já a Mol Impacto, atua em três frentes junto a empresas e ONGs, fazer a diferença na geração de produtos sociais, na concepção da Cultura Social e na Gestão de Impacto. Ou a Boomera (principal braço do Grupo Ambipar) e especialista em economia circular, que transforma resíduos em matéria-prima, envolvendo comunidades na coleta e revalorização dos materiais. E a Fazenda da Toca que promove bem-estar animal e parcerias com produtores locais.

E nada se faz sem divulgar… A Comunicação 360° é o fio condutor entre propósito e prática. Ela conecta o discurso institucional à realidade vivida por colaboradores, clientes e vizinhos. Quando bem aplicada, transforma ações pontuais em narrativas de pertencimento e engajamento. É por meio dela que o impacto social deixa de ser uma ação isolada e passa a ser parte da identidade da empresa.

O ‘S’ do ESG não é coadjuvante. Ele é o ponto de partida e de chegada. Tudo que se faz no ‘E’ e no ‘G’ reverbera nas pessoas. Ignorar isso é mirar o próprio umbigo e perder o compasso do mundo. Empresas que entendem essa lógica constroem pontes, não muros. E são essas que, de fato, comunicam, transformam e permanecem…crescendo!

Lembre… a questão é mais profunda.

Toda empresa bem administrada terá ótimos resultados, lucros e crescimento. Mas não é sobre isso que tenho falado! As perguntas que gestores, CEOs e donos devem fazer são:

  • Quanto Vale o meu Lucro?
  • Qual Valor está inserido no crescimento da minha empresa?
  • Qual impacto real a minha empresa tem gerado a sua volta? No município e no Estado?
  • Qual é a Imagem e a Reputação reais que a empresa tem?
  • Qual Valor consigo Gerar?

Confesso que em centenas de Relatórios que já fiz ao longo de 27 anos como profissional de comunicação e ESG…pouquíssimas vezes vi empresas conseguirem responder essas 5 perguntas com total honestidade. E isso é um problema? Não, se a empresas for consciente e lidar com a realidade de forma realista. Ninguém é perfeito e nem se consegue atingir a todos ao mesmo tempo.

Agora, será um grande problema se a empresa fizer de ‘conta’ que ela é perfeita, dai se instala corporativamente o que chamo de ‘esquizofrenia-coletiva’…as pessoas entram num frenezi interno que vivem no ‘Mundo-Maravilhoso-de-Alice’ e que são os ‘Melhores’ entre todos…

Até ‘parecem’ mesmo ser melhores, mas ocultam diariamente  humilhações e preconceitos velados, discriminação de gênero disfarçado, e de líderes que quase se perpetuam no poder apenas se trocando entre si de lugar. Enfim, são até premiados por conta do Marketing muito bom. Mas um dia casa cai. Sempre cai, em algum dia…

Consciência e humildade são as palavras-chave do ‘S’ do ESG…

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KÁTYA DESESSARDS é Jornalista, Conselheira e Mentora em ESG e Comunicação Estratégica. Co-Autora no livro: Gestão! Como Evoluir em uma Nova Realidade?. Experiência de 27 anos em diversos setores do mercado.  |  Quer Saber Mais?  CLICK AQUI

>> A coluna semanal fonteESG é publicada as segundas-feira.

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